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O Ergo 360, carregar de frente para o mundo e o Babywearing

Marcela Gonçalves e Geovana Régis

 

Uma pergunta muito comum no meio do babywearing é: “Posso carregar meu bebê de frente para

o mundo? Ele adora!”

 

Neste texto, Vamos estabelecer um diálogo em primeira pessoa para facilitar o raciocínio clínico.

Então, acompanhe.

 

Realmente, Você tem razão sobre ele adorar. Bebê a partir dos 3 ou 4 meses “despertam” para o

mundo e são curiosos a tudo que acontece ao seu redor. No entanto, existem algumas contra

indicações para carregá-los em carregadores de frente para o mundo . Dentre elas, a super

estimulação, ou seja, o bebe fica sem nenhum filtro de estímulos nesta posição, o que pode excitá-lo e

estressá-lo além do limite; o risco de algum objeto acertar o rosto do bebê; a passividade com que o

bebê fica sem a opção de aconchegar-se ao colo do adulto quando sente necessidade; a falta da

posição fisiológica tão falada no mundo do babywearing, ou seja, posição acocorada (“sapinho”),

onde os joelhos ficam acima da linha dos quadris, abdução de quadris, pelve retrovertida e a coluna

em C.

Recentemente, um marca de carregadores lançou um produto que aparentemente permite que o bebê

seja carregado de frente sem prejudicá-lo, o Ergo 360. Este produto, fez ressurgir a discussão sobre

esta possibilidade em um um grupo de babywearing do facebook.

 

Nos ateremos a contra indicação ergonômica (falta da posição fisiológica) para analisarmos o Ergo

360º e te responder se você pode ou não carregar seu bebê de frente para o mundo. Utilizaremos

alguns argumentos levantados a favor do ergo para que você acompanhe nosso raciocínio.

 

O primeiro questionamento que surgiu no grupo foi:

 

Em relação ao bebê, um bebê que tem extensores da coluna ativos, em uma posição

que o peso corporal está na pelve e nos membros inferiores, como é o caso do ergo

360º, qual o problema, do ponto de vista ergonômico, de carregar o bebê de frente

para o mundo?

 

Se você olhar com cuidado as imagens e o vídeo do ergo 360º, ou melhor, se experimentar o produto,

verá que os pontos de apoio que ele estabelece pela pelve nessa posição do 360 está praticamente

no coccix e sacro e não nos Ísquios, o que modifica e muito o reflexo postural e a distribuição de

forças do peso entre a coluna e a pelve.

 

Então, você deve estar pensando que a solução para a ergo 360 seria ajustar o carregador

para trazer o peso para os ísquios e tudo bem carregar de frente para o mundo?

 

Não. A questão não é só os apoios dos ísquios. Na coluna, mesmo que o bebê já tenha os

extensores da coluna ativos, a posição de costas para o corpo de quem carrega não possibilita

um encosto adequado para as curvaturas que estão em formação. Embora um bebê que senta

sem apoio, não precise de apoio total na coluna todo o tempo quando esta em local estável

(chão, cadeira), ao ser carregado, ele está sofrendo as vibrações, impactos e os

deslocamentos causados pelos movimentos do adulto. Durante esses movimentos, o bebê

busca estabelecer apoios o tempo todo e procura frequentemente o corpo do adulto para se

encostar. De frente para o mundo, ele encontrará nas suas costas um corpo convexo

(abdomem e peito do adulto) o que forçará uma posição de extensão da coluna (ao contrário

da coluna em C) prejudicando a formação das curvaturas e gerando contração excessiva dos

extensores da coluna (músculos posteriores).

 

Mas e no colo? Sustentado pelos braços de frente para o mundo?

No colo o apoio dos braços sobre a pelve oferece uma retroversão (basculação do quadril para

frente) muito mais acentuada o que consequentemente leva a coluna se curvar em formato de

C, além dos braços oferecer uma resistência de apoio muito maior, o que diminui muito os

impactos sobre os segmentos corporais quando comparados com o tecido do ergo 360 que

sustenta essas estruturas e as cadeias anteromedianas do bebê.

 

No 360 de frente para o mundo, as cadeias anteromedianas são apoiadas no tecido,

qual o problema?

O problema no 360 e de qualquer amarração de frente é que o tecido não oferece suporte

necessário as cadeias anteromedianas (músculos da frente do corpo do bebê) que estão em

transição de hipertonia fisiológica a uma sustentação ativa adequada da cadeia posterior,

então no caso de carregar no 360, pela falta de sustentação necessária no tecido para a

antero mediana o bebê acaba contraindo muito essas musculaturas que estão em transição

com as posteromedianas..

 

Outra questão, a retroversão da pelve protege os segmentos, também por isso a

coluna em C, mas o peso não recai sobre os ísquios.

Sim, quando se obtém a coluna em C e a retroversão da pelve, os apoios não estão nos

ísquios, pois estão distribuídos por toda a coluna, na a bacia e no fêmur.

Na posição de frente não se obtém nem a retroversão e a coluna em C e nem o apoio nos

ísquios com apoio adequado as curvaturas da coluna, que são duas formas adequadas de

distribuição de peso.

Ótimo. Temos um ponto de acordo: 2 formas adequadas de sustentação de peso.

 

Nos carregadores ergonômicos, com o bebê de frente para o corpo do adulto, o

argumento para a coluna em C e retroversão é pela distribuição de peso e não pela

postura fisiológica do bebê, exceto os RN e os mais novinhos.

De frente para o corpo do adulto (barriga com barriga), uma criança maior, pode ficar

com o apoio nos ísquios, sem precisar fazer retroversão e coluna em C, certo? Porque

para os maiores que já sustentam a coluna essa posição não é fisiológica.

 

O argumento de retroversão e coluna em C em qualquer idade é em relação a melhor postura

ao ser carregado por um corpo que é convexo (abdome e peito quando na frente), assim os

centro de massas de ambos se aproximam muito.

Mas não ficam em C como recém nascidos ou pequenos, pois movem a cabeça diversas

vezes e mantém seus extensores da coluna ativos.

Algumas amarrações e as mochilas são indicadas apenas quando já sentam pelo fato delas

gerarem uma leve extensão na coluna, assim, como já sentam sozinhos tem musculatura ativa

para sustentar a postura o que não está presente quando são pequenos, que ainda possuem

uma hipertonia fisiológica das cadeias anteromedianas.

 

Nas amarrações costas, o corpo do adulto não é convexo. Isso deve ser um impeditivo para

bebês sem controle, ou não? Pois o abdômen do bebê pequeno parece ficar sem ponto de

apoio, o que não ajuda nas funções respiratórias, gerando um esforço.

 

Sobre bebês pequenos nas costas, a coluna torácica que geralmente é a altura onde se apoia

os bebês pequenos, oferece convexidade sim, possibilitando apoios e a postura fisiológica da

coluna e do quadril. Mas há recomendações considerando outros pontos além de ergonomia e

postura nas quais orienta-se que utilize em casos de necessidade em ter a frente livre, pois o

bebê pequeno necessita muito da troca de calor, ouvir os batimentos cardíacos mais de perto

e trocar tudo isso de peito a peito, pois toda essa troca ajuda regular seus sistemas e auxilia

muito na amamentação, produção do leite no caso da mãe entre outros inúmeros benefícios

para ambos.

 

Você compreendeu todos os pontos levantados, mas ainda está na dúvida se mesmo por poucos

minutos por dia utilizar um carregador com o bebê voltado para frente faz um estrago muito grande ?

 

Veja, desconhecemos evidências científicas que analisam o efeito de ser carregado de frente para o

mundo como no ergo 360. No entanto, diante de todos os argumentos apresentados, não indicamos

carregar o bebê de frente para o mundo em qualquer carregador que seja, nem no ergo 360.

 

Portanto, se você quer satisfazer a vontade do seu bebê em ficar de frente para o mundo, experimente

as amarrações altas nas costas ou no quadril, o que amplia o campo de visão dele, sem perder o apoio

anterior do seu corpo e você tem a certeza de não estar prejudicando seu filho.

 

Está insegura com a posição ou as possibilidades? Procure uma assessora de babywearing capacitada

para te ajudar.

 

Esperamos que essa reflexão te ajude a decidir como, quando e onde carregar seu bebê e desejamos

que vocês tenham muitas experiências prazerosas grudadinhos um no outro.

Qualquer dúvida, crítica ou sugestão, nos escreva:

 

*Geovana Régis

Criadora do Instituto Metamorfose Mãe e Bebê

Fisioterapeuta na área materno infantil

Especialista em desenvolvimento infantil

Especialista no Conceito neuroevolutivo Bobath

Assessora de Babywearing

Contato: [email protected]

@metamorfosemaebebe

 

**Marcela Gonçalves

Co-coordenadora da Bebê no Pano - Formação de Assessoras de Babywearing

Educadora Física

Especialista em Ergonomia

Formada em Eutonia

Assessora de Babywearing

Contato: [email protected]

@marcela_goncal

Bem Carregar Bebê - Brasil, Janeiro de 2016